Venda-se, não se esqueça, faça o código de barras em sua perna. Sentei-me no chão molhado do banheiro e olhei para o teto mofado pelas gotículas úmidas de água. Minhas pernas sangram, o sangue se misturando com a chuva do chuveiro sujo levava minha dignidade pelo ralo. No início eu odiava meus glúteos e chochas, eles tinham curvas que não existiam nas outras garotas, mas vendi minha alma à demoníaca deusa estética, agora tudo está tão liso e brilhoso. Ainda odeio e me enojo ao vê-lo nu. Meu corpo despido causa arrepios e sensações loucas a qualquer um, arrepios de tesão? Não. São anseios ao ver os imensos riscos vermelhos do meu sofrimento marcado nas regiões mais bonitas da minha pele branca. Tão belo. Tão desejado. Tão marcado. Quer um igual? Almeja entrar nos padrões assim como eu? Venda-se também! Mas não reclame caso tenha que pagar juros altíssimos para ter sua alma de volta.